Estamos vivendo a época em que a igreja descartou tudo o que é antigo e abraçou tudo o que é novo. O tema hoje é: “Novos tempos exigem novas soluções”, ou seja, precisa-se de um novo tipo de pastor, um novo tipo de louvor e um novo modelo eclesiástico. Alguns têm uma nova “revelação” e outros até um novo Deus. Um Deus patético, sintético, bonachão, brincalhão e teatral. Nesse contexto, a igreja do Senhor Jesus tem se transformado em um grande parque temático onde se encontra a oferta de um cristianismo inconseqüente por utilizar os modelos do mundo em suas práticas. A igreja passou a ser uma instituição meramente sociológica onde seus líderes aplicam categorias de pensamentos seculares adaptando-a aos novos tempos. O culto solene e de grande edificação à igreja na glorificação de Jesus Cristo, vai perdendo lugar para as novidades mundanas inspiradas por “outro espírito” e endossadas pelos pastores novidadeiros. Esses pastores são novidadeiros porque sempre apresentam novidades para manter as ovelhas entretidas, ou quem sabe, também os bodes. Para os pastores novidadeiros, ou seja, pastores do “outro evangelho”, não lhes interessam os meios desde que haja “casa cheia”. Charles Spurgeon disse: “Não poso imaginar um instrumento mais útil a Satanás do que ministros mundanos”. Essa geração de pastores interessados em atrair massas tem se levantado contra as santas tradições que nos foram ensinadas por palavras e epístolas “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que nos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístolas” (2Ts 2:15). Nesse contexto, eles criaram o “ministério” de teatro. O lamentável resultado é o povo sem identificação com o supremo pastor – Jesus Cristo. Não há nenhum exemplo de apresentação teatral no Novo Testamento. A Bíblia nunca apresenta os crentes realizando teatro no momento de culto. Os pastores novidadeiros pertencem a geração de “Janes” e “Jambres” que se rebelam contra a sã doutrina. Misturam o sagrado com o profano e, aqueles que não concordam com suas práticas as quais têm o aval do diabo são taxados de radicais, legalistas e colocados de escanteio. O pregador puritano Thomas Watson disse: “Cultuar um falso Deus é proibido; cultuar o verdadeiro Deus de uma maneira falsa é também proibido”.
As peças teatrais obscurecem a linha de separação entre o verdadeiro culto e o entretenimento, especialmente numa geração encharcada por televisão como a nossa, na qual uma das insidiosas expectativas é ser entretida. Portanto, o teatro na igreja muda o foco das atenções, de Deus para os talentos artísticos. E essa mudança é revelada por meio do aplaudir no final da apresentação. Quem é o beneficiário dos aplausos? Claro que são os artistas da peça e não Deus. Portanto, quando as peças teatrais são agregadas ao culto, cultua-se o nada. O culto deve ser espiritual, e não uma performance estética. Deus não é um esteticista que se propõe a apreciar as habilidades e os dotes artísticos. O prumo de um culto não é a estética dos adoradores, mas a proclamação de “Que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5:19). Além disso, as peças teatrais são fábricas de uma espiritualidade sintética, fantasiosa, não real. As peças teatrais expõem o Evangelho como produto de fim de feira, isto é, barato, fácil, sem renúncia, sem cobranças, sem comprometimento, sem cruz, com porta larga, caminho amplo e asfaltado que não condena as iguarias do mundo e, por isso é facilmente degustado. O problema das peças teatrais é que na tentativa de repetir os episódios bíblicos, existe uma grande dose de alegorização dos textos bíblicos, e total desrespeito pelo contexto histórico dos mesmos, bem como a falta de distinção entre o que é descritivo na Bíblia, e o que é normativo para as experiências cristãs. Os artistas das peças teatrais apresentam-se na plataforma das igrejas com roupas sensuais, pinturas jezabelescas e calças apertadas que defraudam expondo a “barriguinha evangélica”. Indiferença total aos preceitos bíblicos que condenam a falta de pudor. Além disso, nessas apresentações teatrais há o rebolo, o gingado, o bate o pé e até cambalhota e, a torcida entorpecida bate palmas. O pastor e teólogo fundamentalista D.M. Lloyd-Jones disse: “A reforma protestante acabou com as peças teatrais na igreja; A reforma livrou-se de tudo isso, e é muito triste observar que pessoas estejam tentando levar-nos de volta àquilo que os reformadores viram claramente que estivera ocultando do povo o Evangelho e a verdade. Se você fizer uma pantomima das Escrituras ou exibir delas uma representação dramática, estará desviando a atenção do povo para longe da verdade comunicada pelas Escrituras”
Alguns dizem: “As peças teatrais atraem as pessoas para a igreja”. Ora, isso entra em confronto com o que Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12:32). É somente Jesus quem atrai. Se numa igreja Cristo não mais atrai, infelizmente ela o trai. Jesus não tinha uma técnica para atrair as pessoas. Ele pregava as boas-novas do Reino. Corações que querem Deus se abrem para a mensagem de boas-novas. O uso do teatro “evangélico” para a igreja só traz mais joio para o trigal além daquele que Satanás planta. A igreja não precisa se adaptar a novos tempos nem necessita de novas técnicas e modelos. Não precisa de novidades, mas de “velhidades”, ou seja, precisa da velha mensagem da cruz. Querer abraçar o modismo do teatro e recusar o que foi cristalizado há séculos é estultice. É diferente ter uma membresia atraída pela mensagem de Jesus e ter uma membresia atraída por técnicas e métodos mundanos. Um dia, aqueles que foram atraídos por modelos mundanos descobrirão que o mundo oferece mais, e irão novamente atrás do mundo. Porém, aqueles que se renderam ao Evangelho de Jesus permanecerão. O enriquecimento da igreja vem do Espírito Santo, da comunhão com Ele, do abandono do pecado e do aprofundamento nas Escrituras e não através de modelos carnais. É hora de colocar o azeite na candeia e aguardar o noivo amado que virá em socorro da noiva fiel, a igreja que não se contaminou com os manjares do mundo. Quero terminar expondo a exortação de Provérbio 22:28 que diz: “Não removas os marcos antigos que teus pais estabeleceram”
Ir. Marcos Pinheiro