24 de outubro de 2015

A BÍBLIA ESTÁ COMPLETA Parte1.


Muitos perguntam sobre os supostos livros tirados da Bíblia pelos reformadores protestantes: os chamados apócrifos. Como se verá abaixo, os livros apócrifos, chamados pela igreja romana de “deuteronômicos”, nunca fizeram parte da Bíblia, nem para os judeus, nem para Jesus, nem para os apóstolos e nem para a igreja.

O termo "apócrifo" vem da palavra grega APOKRYPHOS que quer dizer "oculto", "escondido" e daí a idéia de serem livros "duvidosos". Esta é a designação dos livros que não devem fazer parte da Bíblia ou do cânon bíblico. Eles são sete (ou oito) livros: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (não confundir com Eclesiástes), Baruque e Epístola de Jeremias (esta, ora é contada como um livro separado, ora adicionada a Baruque). Entre os apócrifos, ficam também as adições aos livros bíblicos de Ester e Daniel.

Estes livros surgiram no período de aproximadamente 400 anos entre Malaquias e João Batista, conhecido como o "período intertestamental" ou "interbíblico". Este tempo foi caracterizado pelo silêncio profético, de modo que não houve nele profetas de Deus como os antigos profetas do Velho Testamento. O período intertestamental foi agitado e conturbado. Os livros apócrifos manifestam as incertezas e esperanças do período. A maior parte destes livros foi escrita entre os anos 200 a.C. e 100 d.C.. Foram escritos e distribuídos em grego, embora alguns tivessem originais hebraicos.

Os livros canônicos para a igreja são os nossos 39 livros do Velho Testamento, que correspondem exatamente aos 22-24 livros do cânon judaico. A igreja segue o princípio de que "aos judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Rm 3.2) e portanto, os cânones judaico e cristão do Velho Testamento devem coincidir.

O que ocorre, contudo, é que tais livros nunca fizeram parte da Bíblia. Como se verá, nem a igreja, nem os judeus acreditavam nestes livros. A postura da igreja romana no Concílio de Trento foi equivocada e contrária à sua própria tradição.

O prólogo do livro de Eclesiástico (fim do séc. II a.C. = aprox. 130 a.C.) diz: "Visto que a Lei, os Profetas e os outros escritores, que se seguiram a eles, deram-nos tantas e tão grandes lições ... meu avô Jesus, depois de dedicar-se intensamente à leitura da Lei, dos Profetas e dos outros livros dos antepassados, ... mas a própria Lei, os Profetas e o resto dos livros têm grande diferença nos originais..." (1-2, 7-10, 24-26; a Bíblia de Jerusalém).

O que se observa é que os judeus desta época já tinham a divisão de três partes dos livros do Velho Testamento: Lei, Profetas e Escritos. Os livros que pertenciam a este conjunto é que eram reconhecidos como divinos. Os livros apócrifos, nunca foram contados entre aqueles livros ou entre as três divisões da Bíblia Hebraica.

Jesus (aprox. 30 d.C.) citou e aceitou a tríplice divisão do cânon judaico  (Lucas 24.44-45; Mateus 23.35; Lucas 11.51). O livro inicial e final é o mesmo do cânon judaico (Gênesis a 2 Crônicas) a referência de Mateus 23.35 e Lucas 11.51 não é cronológica pois o último assassinato cronológico é o de Urias em Jeremias 26.23, logo a expressão é literária. As vezes Jesus só cita "Lei e Profetas" como em Mateus 7.12; 22.40; Lucas 16.16; Mateus 11.13. Em outras ocasiões o termo "Lei" abrange tudo no Velho Testamento (João 10.34; Romanos 13.8-10; Gálatas 5.14). O fato é que Jesus nunca cita um apócrifo como Escritura.