29 de maio de 2017

A IGREJA MERCADO-TEATRO

Nesse tempo do fim, Satanás está lançando mão de suas últimas armas. Líderes estão dando ao povo um evangelho macio, adaptado aos padrões do mundo. Roupas na igreja? Qualquer uma serve: mini-saia, short, vestido transparente, tomara que caia. Música? “Rock cristão”, “samba evangélico”, “forró gospel”. A igreja atual é um templo-mercado-teatro. Mercado porque tem lucro de milhões em rendimentos com ações e aplicações financeiras. Teatro porque Deus tem sido tratado como um palhaço numa gaiatice de circo. Enfim, a igreja tem se transformado num grande parque temático. Nesse contexto, a fiel pregação da Palavra é substituída por anedotas motivacionais.


Os líderes da igreja Mercado-Teatro consideram a sucessão pastoral como se fosse uma empresa familiar, algo hereditário. Consagram seus filhos, sobrinhos e genros a pastores. Esses homens nunca perdem o senso de negócio. Por isso, fazem do ministério um cabide de emprego a fim de controlar e manipular os crentes-clientes. A igreja Mercado-Teatro é “rica”, “esplendorosa”, laodiceiana. Mas, o Senhor sente náusea e a vomitará!


O grande problema das igrejas Mercado-Teatro é que seus adeptos não estão envolvidos em koinonia cristã. As pessoas não se conhecem. Dirigem-se aos cultos-shows em busca de uma resposta mágica para seus problemas, inclusive, para o sucesso de seus negócios. O lema dos pastores dessas igrejas é: “Venham para minha igreja, temos tudo o que vocês necessitam: campanhas proféticas, orações proféticas, massagens de ego e culto dos empresários.


Os pastores das igrejas Mercado-Teatro estão travestidos de um “cristianismo judaizante”. Para impressionar seus fregueses, usam a terminologia incorreta para o templo sede chamando-o de santuário e suas congregações de catedrais. Aos seus cantores os chamam impropriamente de levitas.


Todo o Antigo Testamento aponta para Jesus e tem Nele o seu cumprimento. Ele cumpriu toda a lei (Mt 5:17). Ele é maior do que todo o cerimonial e o templo. Ademais, o ministério sacerdotal que inclui os levitas, se encerrou no Antigo Testamento. Todo ministério sacerdotal foi substituído integralmente por Jesus. A Bíblia diz que Jesus é o nosso sacerdote no céu (Hb 10:21) e sacerdote para sempre (Hb 5:6). No Novo Testamento não existe mais a figura do “sacerdote” se referindo a homens, a não ser em 04 ocasiões onde ela aparece no plural (1 Pe 2:9; Ap 1:6; 5:10; 20:6), nestes casos se referindo à toda igreja, ao conjunto do povo de Deus, como sacerdotes do Senhor. É o que Martinho Lutero chamou de: O Sacerdócio Universal de Todos os Crentes. Na relação dos dons citados nas Escrituras (Ef 4:11; 1 Pe 4:9-10; 1 Co 12:8-10; 28; Rm 12:6-8) não aparece o dom de “levita” e nem faz qualquer menção a ministérios sacerdotais.


Lamentavelmente, muitas igrejas históricas caíram no laço “macedoísta”. Criaram o chamado “culto dos empresários” onde se ensina a “fé do retorno financeiro”, ou seja, a “fé dolarizada”, “a fé eurolizada”. Você planta Real e recebe a recompensa de Deus em Dólar e em Euro. Que mentalidade pecaminosa!  Os líderes das igrejas Mercado-Teatro não enxergam um palmo além do próprio umbigo. O mamon ocupa suas megalomaníacas fantasias o que os fazem distanciar anos-luz da igreja primitiva em generosidade, amor, compaixão e comunhão com Deus.


Esses líderes se inspiram nos executivos de empresas de marketing de rede, como McDonald’s e Burger-King. Alardeiam a expansão de seu império e exibem suas aquisições materiais como sendo “bênçãos”. Justificam seu “sucesso” pelo jargão: “A glória da segunda casa será maior do que a da primeira”. A ascendência desses líderes é notória por todos. Começam com um Fusca, depois um Pálio, depois um Eco-Sport, depois um Corola, depois uma BMW a prova de bala. Como chegaram ao topo do transporte terrestre, adquirem um Jatinho. Mais tarde, troca de esposa e vai morar numa cobertura na beira mar. Tudo é contado do púlpito como testemunho.


Esses líderes perderam a visão de que o Evangelho é sobre nossa intimidade com Deus e não sobre nossa comunhão com a ostentação. Cristo não é mais exaltado por ser o provedor de riquezas. Ele é mais exaltado por satisfazer a alma daqueles que se sacrificam pelo Evangelho. Paulo, Pedro, Estevão e tão grande nuvem de testemunhas deram-se ao martírio em nome da eternidade e não em nome da ostentação. Esses réprobos mercadores esqueceram que nosso compromisso é com a Jerusalém celestial e não com as coisas efêmeras desta vida. Simplicidade não é escândalo, nem maldição como quer a nefasta teologia da prosperidade. É urgente resgatar a credibilidade da igreja trocando a jactância pelo verdadeiro testemunho.


O verdadeiro Evangelho não tem nenhuma associação com o mundo de negócios, nem com sucesso de bilheteria.


Ir. Marcos Pinheiro