O juízo Precisa Começar Pela Casa de Deus
Deus leva a sério a pureza da igreja. Essa foi uma lição precoce e inesquecível acerca de como deus vê o pecado na comunhão dos crentes. Em essência, Deus estava dizendo: “Eu não estou brincando de igreja; não brinco com pecadores; não estou interessado em ser ‘amigável’. Desejo retidão, verdade e corações sinceros”. Com isso, Ele testemunhou estar realmente falando com seriedade. A igreja não é um “clube” social.
Qual foi, então, o resultado desse episódio? “E sobreveio grande temor a toda a igreja (At 5.11). Naquele dia, houve um cuidadoso auto-exame entre todos os que estavam ligados à igreja de Jerusalém. E a questão era exatamente essa: Deus estava purificando a sua igreja. Ele queria ver seu povo encarando o pecado com seriedade. Tencionava desencorajar a falta de compromisso. Queria que as pessoas o temessem. A igreja se reúne para cultuar a Deus, e isso exige a confrontação do pecado. Neste episódio, Deus nos fornece um modelo básico para a reunião da igreja – o pecado sendo tratado com severidade. A questão não é o que os incrédulos pensam a respeito de tal severidade, e, sim, o que Deus pensa sobre tal iniqüidade.
Com certeza, na Jerusalém do primeiro século havia outros pecadores mais vis do que Ananias e Safira. Herodes, por exemplo. Por que Deus não o fulminou? Na verdade, foi o que Deus fez posteriormente (At 12.18-23). Mas, como escreveu Pedro, “a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada” (1 Pe 4.17). Deus julga seu próprio povo antes de voltar sua ira aos pagãos.
Será que a igreja pode evitar o juízo de Deus? Sim, mas somente através do purificar-se a si mesma. Após haver alertado a igreja de Corinto sobre o fato de que Deus, por meio de doenças e morte, estava julgando os seus membros que insistiam no pecado, Paulo lhes afirmou: “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11.31). Em outras palavras, é tarefa dos membros fiéis manterem a pureza da igreja. Com toda franqueza, o ensino desta realidade causa mais impacto sobre os incrédulos do que uma conversa branda e informal cujo propósito é fazê-los sentirem-se bem-vindos e aceitos. Isto deixa os incrédulos cientes de que a igreja é um povo santo e um lugar para redimidos que amam a retidão, e não para pecadores impenitentes.
Mantemos a pureza ao seguirmos o princípio que Jesus delineou em Mateus 18: “Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüí-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (vv.15-17). Referimo-nos a esse processo como “disciplina da igreja”. Pode não parecer um conceito muito “amigável”, mas é o que Deus ordena. O objetivo é purificar a igreja e, desta forma, abençoá-la e protegê-la contra o juízo de Deus. Paulo escreveu: “Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11.32).
Jesus acrescentou: “Em verdade vos digo que tudo que ligares na terra terá sido no céu. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que por ventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que estas nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.18-20). Lembre-se que, nesse contexto, nosso Senhor estava explicando como lidarmos com o pecado na igreja. A verdade é que Cristo realiza a sua própria vontade na igreja através do processo de disciplina. “Ali estou no meio deles” significa que Ele mesmo opera em e através dos crentes, a fim de purificar a sua igreja, na medida em que estes seguem as orientações delineadas por Ele. O resultado é que os pecadores arrependidos são restaurados (o pecado que cometeram é “desligado” deles), e os pecadores impenitentes são denunciados e expulsos da comunhão (o pecado que cometeram permanece “ligado” a eles). Se não seguirmos esse processo e, conseqüentemente, não mantivermos a igreja pura, o Senhor intervirá com juízo (1 Co 11.30)