24 de maio de 2015

DANÇAS E COREOGRAFIAS (Davi)

O grande desafio dos princípios bíblicos concernentes a adoração é a recusa moderna de reconhecer o enorme abismo entre o santo e o profano. Até a década de 1960, a maioria dos líderes evangélicos acreditava que a igreja e o mundo representavam padrões opostos, bem como princípios diferentes, e tratavam os deleites mundanos com grande suspeita. A adoração nunca devia ser contaminada pelos objetivos desonrosos do entretenimento popular. Todos os cristãos sérios sabiam que empregar na adoração algo proveniente de uma cultura devassa seria pecaminoso. Nos dias atuais, infelizmente, muitos têm esquecido que Abraão, o pai dos fiéis, foi chamado a abandonar a cultura de um mundo pagão e viver uma vida de modo diferente para o Senhor. Também, os filhos de Israel, enquanto peregrinavam no deserto, foram severamente julgados por desejarem os potes do Egito. Se consultarmos o Antigo ou o Novo Testamento, veremos que pureza e separação são requeridas na adoração. Deve existir uma clara distinção entre o santo e o secular, entre o limpo e imundo.

A adoção de danças e coreografias como componentes da adoração divina é uma atitude de grande insensibilidade e crueldade pastoral, pois tem destruído nos jovens todo o senso de separação do mundo e entregando-os, como paralíticos espirituais, ao poder da cultura secular. Quer os seus defensores admitam isso, ou não, o movimento de danças e coreografias como adoração ao Senhor é o instrumento atual usado para derrubar as muralhas doutrinárias de Sião.


Muitos para justificar a dança e a coreografia como componentes de adoração a Deus dizem: “Davi dançou, porque não podemos dançar?”. Os defensores das danças e coreografias citam sempre as passagens I Crônicas15: 29 e 2 Samuel 6: 20. A primeira diz: “... chegando a arca do concerto do Senhor à cidade de Davi, Mical, filha de Saul, olhou de uma janela, vendo a Davi dançar e tocar, o desprezou no seu coração”. A segunda diz: “... Mical saiu a encontrar-se com Davi e disse: que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos como sem vergonha, se descobre um vadio”. Baseado nessas passagens os defensores alegam: “como a única reprovação da dança de Davi parte de Mical e não de Deus, podemos dançar no culto divino; a Bíblia não registra em nenhum momento a condenação de Deus para essa atitude de Davi, a única reprovação é a de Mical, logo, podemos dançar”. Em I Samuel 6:14 lemos: “Davi saltava com todas as forças diante do Senhor; e estava cingido de um éfode de linho”. Não há dúvidas de que Davi estava cheio da presença de Deus. Davi estava pleno de regozijo. A sua dança foi legítima sem qualquer conotação de vadiagem ou imoralidade como insinuou sua esposa Mical. A éfode era uma vestimenta sacerdotal para adoração. Consistia de uma estola sem mangas para os braços e que se estendia até abaixo dos quadris. Então Davi não estava despudorado em sua vestimenta, ele estava vestido para adorar a Deus. Portanto, os saltos de Davi foram expressão de alegria na ocasião do retorno da arca a Jerusalém. Mical não compreendendo os motivos de Davi, e pensando que ele tinha se rebaixado diante dos povos, por ter se despojado das vestes reais, o repreendeu e desprezou-o em seu coração. Na visão de Mical, Davi não deveria ter se despojado das vestes reais e se portado como simples e humilde acrobata, se era para pular daquele jeito deveria ter contratado um dançarino.
Agora, a dança e a coreografia como componentes de adoração coletiva, não encontra respaldo nas Escrituras. Basta observarmos as atitudes posteriores de Davi. Em toda a preparação dos dispositivos para o culto no futuro templo (capítulos 16 a 29 de I Crônicas), Davi em nenhum momento encontra lugar para a dança. O episódio da dança de Davi foi um ato de máxima e santa excitação pela glória de Deus presente na arca. A dança foi a excitação santa de um homem santo que sabia a função da arca dentro do templo. E, não devemos esquecer que a dança de Davi foi uma atitude pontual e única. Esta manifestação da dança não se repetiria mais, mesmo nos mais exaltados momentos de júbilo. Assim, não podemos tomar um ato pontual e único e formar uma doutrina ou mesmo dizer “na minha igreja tem o ministério da dança”.

Aconselho aos modernistas-liberais, defensores da dança e da coreografia, que lêem os livros de I Crônicas, II Crônicas, I Samuel, II Samuel, I Reis e II Reis e tente encontrar outras danças de Davi. Davi nunca deu instruções aos levitas com respeito a quando e como dançariam no templo. Se Davi cresse que a dança e a coreografia deveriam ser componentes na adoração divina, sem dúvida, teria dado instruções aos músicos. Davi foi o fundador do ministério de música no templo. Ele deu claras instruções aos musicistas com respeito a quando e o que instrumentos usarem, mas não encontramos nenhuma instrução quanto a danças.


No Novo Testamento há duas palavras gregas para dança: “orcheomai” e “choros”. A primeira aparece quatro vezes. Duas relativas à dança sensual e pecaminosa da filha de Herodias “festejando-se, porém o dia natalício de Herodes dançou a filha de Herodias diante dele e agradou a Herodes” (Mt 14:6); “entrou a filha da mesma Herodias, e dançou...” ( Mc 6:22). As outras duas vezes aparece em Mateus 11:17 e em Lucas 7:32 fazendo referência às danças dos meninos. Nesses textos Jesus censura a geração de sua época comparando-a aos meninos que se assentam nas praças tocando e dançando, ou seja, Jesus diz que a geração de sua época é uma geração imatura tal como as crianças que tocam e dançam nas praças. A palavra “choros” aparece uma vez em Lucas 15:25 que é traduzida por dança, referindo-se à volta do filho pródigo. Ninguém pode usar a passagem de Lucas 15:25 para justificar a dança na igreja. Em primeiro lugar porque se trata de uma parábola, e não devemos formar doutrina de parábolas, em segundo lugar a dança, no contexto, não se refere à dança religiosa, trata-se de uma festa familiar. Não se trata de culto a Deus.


O cenário das danças e coreografias é, sem dúvida, o nosso inimigo, e não o nosso aliado. É bastante perceptível, que em todo lugar onde a dança e a coreografia tem sido adotado como expressão de adoração a Deus, se introduz uma perda de reverência, unida ao mundanismo e à superficialidade.