Os traficantes de falsas doutrinas oferecem uma nova versão do Evangelho. Um Evangelho liberal, adaptado à moralidade do mundo, sem negação de si mesmo, sem renúncia, sem proibições e sem regras. Na verdade esses traficantes estão produzindo filhos da sedução, pois seus seguidores apegam-se aos seus pecados de estimação e adoram se alimentar de doutrinas que justificam o pecado. Ora, a doutrina de Cristo é negar a impiedade e as paixões mundanas, viver de maneira sóbria, reta e piedosamente, no presente século (Tito 2:12).
As igrejas dos traficantes de falsas doutrinas estão inchadas. Isso porque o mundo foi trazido para dentro delas. O Evangelho pregado é sintético, de caminho espaçoso e asfaltado. O compromisso com a cruz passa longe. Para atrair gente é preciso fazer concessões e, líderes que fazem concessões atraem pessoas que gostam de concessões. Desse modo, as pessoas que lá estão querem satisfazer seus desejos como quem vai ao shopping se servir de supérfluos. Nesse contexto, multiplicam-se os supérfluos dentro da igreja: dança do ventre, hula hula, coreografias, jograis, balés, teatro e shows carnavalescos. No momento que isso ocorre, o processo racional se esvai, a unção se deteriora prevalecendo a catarse. A gravidade é que tanto a membresia dessas igrejas e seus pastores não têm uma gotícula de unção, estão na penumbra, não suportam correção e não aceitam ser contrariados.
Os integrantes das igrejas dos traficantes de falsas doutrinas acham que o nudismo é também uma forma de glorificar a Deus. Aliás, os traficantes de falsas doutrinas dizem sempre: “Deus não quer roupa, quer o coração”. A Bíblia oferece um padrão para as vestes do corpo. Desde as túnicas de pele que Deus entregou a Adão e Eva até às túnicas que Ele projetou para os sacerdotes; desde as vestes de Jesus Cristo até às vestimentas brancas dos santos na glória, temos um testemunho coerente. Não estou dizendo que devemos vestir túnicas, mas Adão, os sacerdotes, Jesus Cristo e os santos glorificados nos indicam um fato evidente: o povo de Deus deve cobrir o corpo. As vestes verdadeiramente cristãs não dirão: “Sexo! Orgulho!”, e sim “Pureza! Humildade!”. Em I Coríntios 6:20 Paulo enfatiza: “Glorificai a Deus no vosso corpo”. Lembrar que somos templo do Espírito Santo e que não pertencemos a nós mesmos tem de ser o princípio que nos disciplina. O puritano Richard Baxter comentou sabiamente que as mulheres pecam quando as suas vestes tendem a “enredar as mentes dos que as contemplam, prendendo-as em paixões imprudentes, luxuosas e devassas; e, embora elas digam que não têm a intenção, a culpa é delas, pois fizeram aquilo que prendeu a mente dos homens e não se esforçaram ao máximo para evitar isso”.
Nunca o Evangelho de Cristo foi tão ultrajado como nos dias de hoje. E, como um abismo chama outro abismo, brevemente as igrejas terão lugar reservado para “crentes” fumantes e cantina vendendo vinho e camisinha. Exibirão faixas e cartazes do tipo “Faça sexo seguro, use a camisinha”, “Deus não está mais interessado em virgindade”, “Jovem, você está doente por falta de sexo”, “Incompatibilidade de gênio? A solução é o divórcio” e por aí vai. E, por falar em divórcio, nas igrejas traficantes de falsas doutrinas ser divorciado e recasado é charme. Não é à toa que seus pastores são cognominados “Gideões infiéis da última hora”.
Os traficantes de falsas doutrinas são especialistas em transformar o culto ao Senhor num espetáculo de “caça à benção”, ao invés de encará-lo como um ato de dedicação e entrega a Deus. Na caça desenfreada da bênção o povo é levado à euforia e ao sensacionalismo. Os líderes traficantes estão acometidos da doença “grandãotite”, pois o “eu” instalou-se no lugar que era de Cristo. A experiência, e não a Palavra de Deus dirige a vida desses homens. Para eles, o que realmente importa é o bem pessoal que a experiência possa trazer, sem levar em conta sua autenticidade, nem o crivo da Palavra de Deus. Na verdade os pastores traficantes de falsas doutrinas são “bruxos evangélicos”, pois sua teologia está alicerçada em experiências particulares duvidosas que produzem convicções antibíblicas e uma fé baseada em crendices, que jogam por terra vidas sinceras que poderiam se dedicar inteiramente à glória de Deus.
É hora de despertarmos, é hora de parar com a identificação mórbida com os mortos deste mundo. Se alguém acha que pode ser servo de Jesus, mesmo continuando preso aos prazeres do mundo, comete um erro crasso. A Bíblia diz que o justo não tem prazer no pecado. Precisamos entender que somente um povo santo poderá ser usado por Deus para mudar o rumo que as coisas estão tomando. É urgente buscarmos a santidade de Deus. É urgente voltarmos a uma vida santa que glorifique ao Senhor e redimensione nossos valores. É possível, no meio de tanto engano e novidades do “outro evangelho”, preservar os santos valores.