Pastor de paletó e gravata, musicistas perfilados, púlpito de madeira ou de vidro, microfone do último tipo e projetor podem resultar numa pregação poderosa ou num espetáculo. Vivemos tempos das igrejas “esplendorosas” em que os homens estão reimaginando a Bíblia. Para muitos líderes a Bíblia não é mais a voz de Deus vinda do céu, pois foi redescoberta como um produto humano. Enfim, a Palavra de Deus tem assumido um papel diferente no meio evangélico através dos líderes “esplendorosos”. Na verdade, muitas coisas têm sido feitas em nome de Deus com as quais Deus não gostaria nem um pouco de estar envolvido. A conseqüência disso é que o Evangelho tem sofrido abusos através de sermões pragmáticos, aguados, estrambóticos e moderninhos.
Os líderes “esplendorosos” precisam entender que cada palavra em cada sentença da Bíblia é inspirada por Deus, possui autoridade, é digna de confiança, é verdade, é útil e contribui para nossa paz e alegria em Deus. Clemente de Roma descreveu as Sagradas Escrituras como a “Verdadeira expressão do Espírito Santo”. Policarpo as chamou de “Oráculos do Senhor”. Irineu afirmou que os autores bíblicos “Eram incapazes de uma declaração falsa”. Orígenes declarou: “Os volumes sagrados são plenamente inspirados pelo Espírito Santo, e não há passagem, na Lei, no Evangelho ou nos escritos de um apóstolo, que não proceda da fonte inspiradora da vontade divina”. Agostinho disse: “Aprendi a atribuir àqueles Livros que possuem o predicado de serem canônicos, e apenas a eles, tal reverência e honra que creio firmemente que nem um único erro devido ao autor pode ser encontrado neles”. Palavra de Deus é santa e inerrante! Calem-se todos diante dela.
As ilustrações das mensagens dos líderes esplendorosos são tiradas de Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Martin Luther King, Nelson Mandela, Desmond Tutu, Leonardo Boff Lair Ribeiro, Augusto Cury. Por isso a bandeira levantada por eles é: “Precisamos lutar contra a opressão, dar fim à pobreza, criar o céu na terra e levantar a auto-estima dos homens”. Esses líderes não acreditam em separação entre o sagrado e o profano, e a doutrina atrapalha a ocorrência de um relacionamento interativo com Jesus. Para os “esplendorosos” pastores, a maleabilidade de doutrina é boa, por que mostra que não é necessário absolutizar nada. A doutrina deve mudar de uma época para outra. Nesse contexto, o nudismo, o desfile de moda, a exibição do corpo são tão grandes nas igrejas “esplendorosas” que se tornaram como altares para a igreja. Além do sermão ególatra do tipo “Como alcançar seu potencial”, uma coreografia extravagante com jovens de camiseta e calça de lycra é exibida sem o menor pudor. Parece que todos se esqueceram da exortação de Paulo: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8)
Conversão para os pastores “esplendorosos” consiste em levantar a mão, ir à frente, “repetir a oração rapidinha do pecador” e preencher uma ficha. Isso tem gerado uma geração de homens e mulheres que não querem ser igreja, querem apenas ir à igreja. A fim de agradar o rebanhão enfatizam sempre: “Você é livre em Cristo, viva como se fosse livre e abandone as regras. Siga a corrente, acomode-se à cultura. A graça de Deus é amplíssima e inclusiva, viva como quiser”. Na verdade, esses pastores são homens cegos que tocam um elefante sem saber se o que está apalpando é a tromba, a cauda ou a orelha. Confundem liberdade em Cristo com libertinagem! Em Gálatas 5:12,18 Paulo exorta: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, andai no espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”.
Nas igrejas “esplendorosas” o culto é eufórico com muito pula-pula e rodopios. O ambiente é plástico, borrachudo e de uma alegria forçada pela manipulação: “Olhe para o seu irmão ao lado e diga-lhe que o ama”. A fé é repintada constantemente para acompanhar o ritmo de uma cultura em constante mutação. A simplicidade do Evangelho não as atrai. A Palavra de Deus é subordinada à cultura secular. Quem manda é a cultura secular. Para os pastores das igrejas “esplendorosas” Deus é claramente mais misterioso do que onipotente, santo e justo, por isso o Evangelho se tornou uma mensagem de inclusão e não uma mensagem sobre pecado, arrependimento, justificação e misericórdia imerecida.
As igrejas “esplendorosas” por estarem insatisfeitas com os métodos e meios ordenados por Deus, inventam e usam uma interminável corrente de inovações, astúcias, truques, malabarismos e estratagemas humanos. Elas empregam formas mundanas de música, apresentações de entretenimento, realizam gincanas e rifas. Seus pastores só olham para o próprio umbigo, ou seja, não têm nenhum outro propósito que não seja o crescimento de seu patrimônio material. Nesse contexto, na igreja “esplendorosa” vedem-se tudo: do café gourmet a CDs. Do pirulito da Mônica a ingresso para show de humor. Enfim, as “esplendorosas” igrejas jogaram fora a antiga ênfase na pregação do Evangelho deixada pela Reforma Protestante substituído-a por manipuladas e múltiplas abordagens carnais e mundanas. Que o Senhor tenha piedade das igrejas “esplendorosas”!
Ir. Marcos Pinheiro