Muitas igrejas estão usando estratégias mundanas e carnais para a evangelização. Dentre as estratégias estão as peças teatrais, as coreografias e dramatizações. Segundo alguns líderes, precisamos criar uma disposição interior no incrédulo a ponto de extrair dele uma resposta emocional. Esse pensamento tem empurrado para a periferia uma série de princípios bíblicos, inclusive, o arrependimento. Jesus, o maior pastor evangélico do mundo, veio pregando o arrependimento “Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: arrependei-vos porque é chegado o Reino dos céus” (Mat. 4:17). A temática das mensagens paulinas era a convocação ao arrependimento. No areópago diante dos guardiões da filosofia ateniense Paulo se expressa dizendo: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (Atos 17:30). Diante do rei Agripa, o apóstolo foi contundente: “Pelo que ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, e por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento (Atos 26:19-20). Portanto, só há uma verdade que salva o homem da condenação eterna: o arrependimento. Se a obra de evangelização for realizada através de estratégias mundanas e carnais como dramatizações, coreografias e peças teatrais estaremos produzindo um grande número de pessoas fazendo profissões de fé vazia, ou seja, as Boas Novas de Cristo dão lugar às más novas de uma fé traiçoeira. Traiçoeira porque não faz qualquer exigência moral para a vida dos pecadores que se encontram no mar de iniqüidade. Nas suas viagens missionárias, Paulo lançava a rede do Evangelho Santo e Simples e muitos se rendiam a Cristo. Paulo não lançava palha, nem feno a seus ouvintes; não usava truques psicológicos, nem entretenimento; não manipulava as emoções dos ouvintes através de uma apresentação profissional. Estamos vivendo a época da evangelização estilosa, hollywoodiana. Alguns defensores desse tipo de evangelização dizem: “É necessário um novo estilo de apresentar o Evangelho a fim de não enfadar os ouvintes, caso contrário, não iremos alcançar os perdidos da cultural atual”. Outros reforçam ainda: “Se não apresentarmos o novo estilo de pregar o Evangelho, o culto será chato; é preciso ter um pouco de show, palhaçada e humorismo”. É preciso entender que a obra de evangelização não depende da engenhosidade humana, nem deve ser realizada usando-se práticas mundanas.
A obra de Deus está sob a direção do Espírito Santo e o Espírito Santo opera dentro dos limites da Palavra escrita de Deus. As Escrituras é o único manual perfeito para toda a obra de evangelismo. Buscar a sabedoria maculada deste mundo e suas práticas para assunto de evangelização é o mesmo que dizer que a Palavra de Deus não é suficiente. A mensagem da cruz é suficiente para toda obra de evangelismo; ela é em si mesma o poder de Deus para a salvação de qualquer homem, em qualquer contexto sócio-cultural-político-religioso, em qualquer tempo. Portanto, não precisamos correr atrás de estratégias mirabolantes e esdrúxulas. O teólogo liberal Rudolf Bultmann disse: “A igreja deve usar nova terminologia para que a mente científica e culta do atual século possa ser impactada”. Na visão de Bultmann a obra de evangelização deve ser contextualizada pelos padrões do mundo, ou seja, deve-se priorizar o mundanismo como um meio lícito de contextualização para evangelizar. A verdade é que quando a igreja usa a Palavra de Deus na evangelização para sacramentar métodos mundanos ela viola os princípios bíblicos absolutos de santificação do crente, separação e diferenciação do mundo. É impossível contextualizar o Evangelho pelas práticas maculadas da época sem alterar a própria essência da mensagem. Não precisamos enfeitar, maquiar ou travestir a verdade de Deus como se tivéssemos vergonha de apresentá-la tal qual ela é, santa e simples. A Palavra de Deus é tão poderosa em nossa geração quanto era durante a história antiga da igreja. O poder do Evangelho é tão forte neste século quanto era nos dias da Reforma. A temática da evangelização estilosa é: Deixe o pecador sentir-se confortável. Nesse contexto, os infiéis são tratados como fiéis e tudo fica pasteurizado e nivelado por baixo.
O apóstolo Paulo nunca sacrificou a mensagem da cruz para ter uma colheita abundante. Sua mensagem não era divertida, nem culturalmente relevante e nem contextualizada à moda do dia. Em Atos 17:17-18, encontramos Paulo fazendo um trabalho de evangelização na praça e na sinagoga onde ele exaltava Jesus e a sua ressurreição confrontando seus ouvintes de modo direto e radical. Na ótica da evangelização estilosa a mensagem de Paulo foi descontextualizada e desconfortável para os ouvintes por isso ele foi chamado de paroleiro. Ora, tornar-se zeloso e devoto é um passaporte para a zombaria e perseguição. Um crente cheio do Espírito Santo pregando o Evangelho verdadeiro, garantidamente atrairá para si intolerância como o mel atrai formigas. Pregar o Evangelho santo e simples como fez Paulo é aceitar a zombaria, a rejeição, a impugnação. Anunciar o evangelho santo e simples com fez Paulo é sofrer desprezo de grandes e pequenos, ricos e pobres. Ademais, os sermões do Senhor Jesus e do apóstolo Paulo era o mais impopular e descontextualizado que podia existir, exatamente porque exigia compromisso integral e vida de renúncia. O grande mal da evangelização estilosa é que ela está dando às pessoas uma vacina para colocá-las para dormir para que cheguem ao inferno mais rápido. O teólogo fundamentalista Francis Schaeffer disse: “A tragédia da nossa situação hoje é que homens e mulheres estão sendo afetados por esta nova maneira de encarar a verdade a qual descaracteriza o verdadeiro Evangelho”. O respeitado teólogo D. M. Lloyd-Jones pontificou: “A reforma acabou com as peças teatrais na igreja, e é muito triste observar que pessoas estejam tentando nos levar de volta àquilo que os reformadores viram claramente o que estava ocultando o Evangelho. Se você fizer uma pantomima das Escrituras ou exibir delas uma representação dramática, estará desviando a atenção do povo para longe da verdade comunicada pelas Escrituras”. A evangelização estilosa alinha-se à cultura moderna, o que leva a perder o padrão bíblico e diluir a doutrina. Enfim, ela está divertindo os incrédulos e os levando para o fogo eterno!
Ir. Marcos Pinheiro