26 de outubro de 2015

A BÍBLIA ESTÁ COMPLETA Parte final.


As razões para se rejeitar os apócrifos já foram expostas, mas podem ser resumidas abaixo:

1. Estes livros nunca foram incluídos na Bíblia Hebraica dos judeus e “aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3.2).

2. Jesus e os apóstolos conheciam estes livros, mas nunca os citam como Escritura inspirada. As alusões a estas obras não constituem prova de nada, a não ser do conhecimento que eles tinham destas obras. Os escritores do Novo Testamento também fazem alusões a obras como o livro de Enoque, Assunção de Moisés, 3 e 4 Macabeus, etc. Se as alusões provassem algo, então haveria muitos outros livros incluídos, além dos reconhecidos pelo Vaticano.

3. Estas obras não foram aceitas pelos escritores judeus do primeiro século tais como Josefo e Filo. Os rabinos de Jamnia e muitos cristãos eminentes não aceitavam tais obras. Mesmo homens como Filo e Orígenes, de origem alexandrina, não tentavam incluir estes livros no cânon. Jerônimo não os incluía na Vulgata. Eruditos católicos contemporâneos ao Concílio de Trento não aceitavam tais livros. O cardeal Ximenes, em sua Poliglota Complutense (1514-1517) havia feito distinção entre os apócrifos e os canônicos. O cardeal Cajetan, que se opusera a Lutero em 1518, publicou em 1532, uma lista de livros fidedignos do AT  que não incluía os apócrifos.

4. Os livros não têm qualidades próprias de livros inspirados por Deus. O livro de Judite é altamente lendário, com vários erros ou desvios deliberados da história. Nabucodonosor é retratado como rei da Assíria(?), em Nínive; seu general é Helofernes (um nome persa?), e assim, há vários erros. Há erros doutrinários tais como oração pelos mortos. A obra chamada Tobias relata práticas que combinam mais com bruxaria do que com Deus. A moral de Sabedoria e de Eclesiástico é muitas vezes falha, quando comparada com a Bíblia: mostra desprezo pela mulher, revela tendência pela avaliação materialista da espiritualidade e aproxima-se da ética dos filósofos gregos, o que não é, em si mesmo, um fator ruim, mas que ocasionalmente compromete o conselho apresentado. O fim do livro de 2 Macabeus tem uma “confissão” da falta de inspiração e de autoridade do escritor. Ele considera a possibilidade de sua obra “não exceder a mediocridade” (TEB) ou “estar imperfeita e medíocre” (BAM) ou estar composta “vulgarmente e de modo medíocre” (BJ). Nenhum autor inspirado poderia tem colocado tal observação no fim da Palavra de Deus.

5. Os livros mentem e exageram. São livros “bons demais”. Com isto queremos dizer que contam histórias exageradas e por demais parciais. Os livros verdadeiramente inspirados não escondem limitações e pecados dos seus protagonistas, mas, nos apócrifos, os personagens são "super-santos" e verdadeiras maravilhas de religiosidade. O quadro é, sem dúvida, artificial. Os milagres e histórias apresentados são, justamente, aqueles que agradam ao orgulho humano. Não soam como os livros inspirados que nos repreendem, mas parecem afagar o ego dos leitores. São livros do homem para o homem.

6. Eles não podem e não devem acompanhar os livros inspirados, pois geram confusão. A igreja Anglicana e outras envolvidas no Ecumenismo mantêm os livros numa posição “semi-canônica” aceitando-os na leitura pública, mas não para determinar doutrinas. Este tipo de tentativa de agradar “gregos e troianos”, não contribui para a certeza da verdade. Os livros são inspirados e lidos na igreja, ou não devem ser lidos. Não lemos Tomás  a Kempis, Euclides da Cunha, Homero ou Heródoto nos culto. O único livro da igreja tem que ser a Bíblia, porque ela é inspirada por Deus.

7. Um decreto romano não pode mudar a verdade e nem séculos de história. Os apócrifos sempre foram rejeitados e suspeitos. O Concílio de Trento, na sua quarta sessão, no dia 8 de abril de 1546 decretou que os apócrifos eram Escritura canônica com autoridade igual a todos os outros livros do cânon. Tal decisão foi contestada tanto por católicos como pelos protestantes. Uma das grandes razões romanas para incluir estes livros eram os textos onde eles favoreciam doutrinas católicas que estavam sendo contestadas pelos protestantes, como por exemplo, a doutrina da oração pelos mortos criticada por Lutero e defendida com base em 2 Macabeus 12.45-46. Por outro lado, nem todos os chamados “apócrifos” foram canonizados. Os seguintes livros que estavam no mesmo conjunto com os apócrifos não foi canonizado: 3 e 4 Esdras e a Oração de Manassés. Um dos motivos da exclusão de 2 Esdras era porque continha um verso forte contra as orações aos mortos (2 Esdras 7.105).

O Novo Testamento também tem seus apócrifos, mas como são obras clara e definitivamente espúrias, muito inferiores ao Novo Testamento, nunca houve controvérsia se estes livros foram retirados da Bíblia ou não, pois, a verdade é que eles nunca estiveram ali.

Eles não fazem parte do cânon pelas mesmas razões descritas acima para os apócrifos do Velho Testamento.

Os apócrifos do Novo Testamento surgiram com o desejo de suprir informações omitidas, adornar as narrativas, propagar ensinos heréticos ou novos, entreter, sistematizar ensinos, acomodar mitos, tradições e filosofias anteriores.

É interessante ver nos apócrifos a preocupação de apresentar Jesus de modo mais glorioso do que o que foi apresentado nos evangelhos inspirados pelo Espírito. Pretendiam suprir algo que, no pensar de seus escritores, faltava ao retrato de Jesus. Nos evangelhos apócrifos, a caverna onde Jesus nasceu é posta a brilhar mais do que o Sol. Dragões, panteras, leões e outros animais vêm e adoram ao menino Jesus. A família de Jesus (pai, mãe e irmãos) não ousava comer sem primeiro ter a bênção dele e dar-lhe a precedência no ato de servir-se. O menino Jesus ensinava os seus professores. Fazia pardais de barro que voavam quando ele batia palmas. Transformou um homem em uma mula, crianças zombeteiras em cabritos, etc. Um menino que derramou a água que Jesus havia juntado ao brincar, é “ressecado”; os pais imploram a ele pelo filho e ele o cura, mas deixa um membro ressecado como aviso. Estes são apenas alguns exemplos dos apócrifos! Quanta  bobagem!

Há, nestes apócrifos, ditos atribuídos a Jesus, que são verdadeiras fórmulas de falsas doutrinas, tais como a idéia de panteísmo. Não passam de uma tentativa de colocar na boca de Jesus a idéia de uma pessoa ou de um sistema religioso.

Enfim, a Bíblia foi bem conservada. Nada se perdeu, nada se acrescentou, nada se transformou. Deus, que inspirou sua palavra, transmitiu-a durante a história com grande fidelidade, mesmo que através de homens falhos.