16 de julho de 2015

IGREJA PANETONIZADA parte 1.

O capítulo 3 de Neemias fala da reconstrução dos muros e das portas de Jerusalém. Cada porta tem um significado espiritual para a igreja do Senhor Jesus Cristo. No versículo 6 encontramos: “E a porta velha repararam-na”. A porta velha nos fala de antiguidade, de algo que foi estabelecido a muito tempo, de algo veterano. Ou seja, a porta velha diz respeito à legítima e genuína doutrina cristã. Quando a igreja perde o rumo é porque perdeu o foco da doutrina. Ao perder o foco da doutrina, perde-se a teologia sadia; perdendo a teologia sadia, perde-se a identidade e passa a viver mundanamente.

Muitos líderes pensam que precisamos entender o nosso tempo para enquadráramos nele a nossa mensagem. Esse pensamento maligno tem levado as igrejas abandonarem a porta velha, ou seja, a legítima e genuína doutrina cristã. É urgente entendermos que o nosso foco não deve ser um ajuste do que pregamos aos novos tempos, mas sim, como pregar a mesma mensagem de sempre aos novos tempos. A igreja deve se firmar nas raízes bíblicas e encaixar o tempo em que vivemos dentro das raízes bíblicas.

O conteúdo bíblico, os preceitos divinos e a doutrina cristã independem do tempo, não podem ser adaptados à época e nem a cultura secular alguma. Judeus e gregos tinham uma visão do mundo completamente distinta, mas a igreja primitiva pregava aos dois grupos a mesma mensagem, a mesma porta velha. Quando Paulo focalizou tempos futuros, ele não prognosticou ao jovem pastor Timóteo nenhum conteúdo diferente. O apóstolo disse a Timóteo: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina” (2 Tm 4:2). Em I Coríntios 1:23 Paulo enfatiza: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado”. Essa mensagem era ofensa para os judeus e loucura para os gregos, ou seja, o conteúdo dessa mensagem não fazia sentido para nenhum dos dois grupos. Mas, isso não intimidou a igreja, não a fez recuar. A igreja não teve dois evangelhos, um para cada cultura.

Hoje temos um evangelho africano, um evangelho indígena, outro sul americano, outro asiático, outro escandinavo e por aí vai. A preocupação de muitos pastores é como tornar a porta velha palatável ao incrédulo. Esses líderes oferecem uma doutrina tipo panetone, isto é, encharcada de doces para satisfazer o paladar dos ouvintes dando origem a igreja panetonizada.

Os pastores panetonizados esquecem que a tarefa da igreja não é tornar o Evangelho aceitável, mas pregar a mensagem de sempre, mesmo que pareça inaceitável. O Evangelho não pode ser adaptado a tempos, culturas e gostos. Não pode se submeter ao escrutínio do tempo. Quando a igreja tenta fazer isso se tem um Evangelho adocicado, meloso, panetonizado que tem mais o rosto de Freud, Carl Jung, Norman Vicent Peale, Lair Ribeiro, Augusto Cury que o de Jesus. A Palavra de Deus não é um objeto que analisamos pela cultura secular, mas é o microscópio pela qual examinamos a cultura secular. A Palavra de Deus é senhora e não serva da cultura secular; é juíza e não ré da cultura secular; é palavra última e não palavra penúltima. Na parábola do semeador havia diferentes tipos de solos. Não havia diferentes tipos de sementes. A semente é o Evangelho, é a doutrina e, é única.