O evangelho da auto-estima tem o ego como o único centro de interesse do indivíduo. A ênfase em Deus é deslocada para o ego e de forma sutil, o ego tem tomado o primeiro lugar e, assim, a atitude de servo de Cristo é substituída pela atitude de se fazer o que agrada e que seja para sua própria conveniência. Os defensores do evangelho da auto-estima prometem a cura para todos os males da sociedade por meio de doses de valor-próprio, auto-aceitação e amor próprio. O refrão ensinado por esse evangelho é: “você só precisa amar e aceitar a si próprio como você é, você precisa se perdoar”.
Nas Escrituras não há nenhum mandamento para amar a si próprio. Jesus não nos ordena que amemos a nós mesmos, mas que amemos a Deus e ao próximo. A Bíblia apresenta uma base para o amor completamente diferente daquilo que a psicologia humanista anuncia. Ao invés de promover o amor-próprio como a base para amarmos os outros, a Bíblia diz que o amor de Deus é a fonte verdadeira. O amor próprio busca seus próprios interesses e o amor de Deus entrega a si mesmo. Portanto, quando Jesus convida Seus discípulos a negarem a si próprios e tomarem sobre si o Seu jugo e a Sua cruz, Ele os conclama a um amor que doa a si mesmo, não a um amor que satisfaz a si mesmo.
A alegria de Seus discípulos deve ser encontrada nEle, não em si mesmos. O amor-atitude, que vai além da capacidade do homem natural, é possível exclusivamente pela graça divina. Assim, o amor-atitude entre os discípulos de Jesus não vem do amor-próprio e da auto-estima e nem a auto-estima aumenta esse amor. O foco do amor na Bíblia é para cima e para fora ao invés de ser para dentro como estimula o evangelho da auto-estima. Em Mt 22: 37-40 lemos: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”. Observe que Jesus não disse que havia três mandamentos: amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos. Ele apenas afirmou: “destes DOIS mandamentos dependem toda a lei e os profetas”, ou seja, o amor-próprio já está implícito aqui.
O amor-próprio é um fato, não é uma ordem. Nenhum ensino nas Escrituras diz que alguém já não ama a si mesmo. Paulo afirma: “porque ninguém jamais odiou a própria carne, antes, a alimenta, e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja (Ef 5:29). Portanto, todo ser humano ama a si mesmo. Se alguém realmente odiasse a si mesmo, estaria alegre por ser miserável. No contexto de Mateus 22 não nos é ordenado que amemos a nós mesmos. Já o fazemos naturalmente. O mandamento é que amemos os outros como já amamos a nós mesmos. A idéia é que devemos procurar o bem dos outros do mesmo modo como já procuramos o bem para nós mesmos, isto é, exatamente com a mesma naturalidade com que cuidamos de nosso bem-estar. Portanto, a posição Bíblica correta para o crente não é a de encorajar, ou estabelecer o amor-próprio, a auto-estima, e sim a dedicar sua vida por amor a Deus e ao próximo como já ama a si mesmo. Os “mestres” do evangelho da auto-estima costumam dizer: “as pessoas não podem amar a Deus e aos outros até que amem a si mesmas”. A Bíblia diz que o amor começa em Deus e então se estende aos outros (I João 4: 19-21).
Deus nos amou primeiro, o que nos capacita a amá-lo, o que se expressa, então, em amar uns aos outros. Alguns psicólogos dizem “no íntimo todos nós nos odiamos”. Ora, se uma pessoa já se odeia por natureza, então ela deseja aos outros o mesmo mal que quer para si. Mas quem é que deseja o mal para si?ninguém, a não ser os extremamente desequilibrados. O criminoso, aparentemente carregado de remorso, que diz odiar-se pelos crimes que cometeu, deveria estar feliz por se achar sofrendo na prisão. No entanto, espera sair da prisão o quanto antes, o que prova que ele se ama, apesar das suas afirmações de que abomina a si mesmo. Assim acontece com a pessoa que se suicida, ela quer dá fim a sua vida para acabar o seu sofrimento, pois pensa estar fazendo-lhe um bem.
Em toda a Bíblia somos encorajados apenas a termos estima, confiança e fé em Deus e não em nós mesmos. O conceito psicológico do amar-se a si mesmo que conduz à auto-estima e o conceito bíblico da autonegação que conduz ao auto-enriquecimento são diametralmente opostos entre si. O evangelho da auto-estima afirma que precisamos amar a nós mesmos e nos termos em alta conta, se quisermos estar psicologicamente ajustados e sermos bem-sucedidos na vida. A Bíblia diz que temos que colocar Deus e o próximo antes de nós mesmos e que é isso que nos tornará felizes e ajustados. O conceito da autonegação e o de dar preferência aos outros é um tema que se estende através de toda a Bíblia. A meta do evangelho da auto-estima é produzir pessoas emocionalmente sãs. A Bíblia ensina que é a santidade que conduz à integridade emocional.
A Palavra de Deus nunca nos exorta à auto-aceitação, auto-estima, nem qualquer outra dessas formas de egocentrismo tão propalado pelo evangelho da auto-estima. A resposta para a depressão, a síndrome do pânico, fobias, medos, traumas não é nos voltarmos para o ego, mas nos distanciarmos dele e buscarmos a Cristo. A única coisa que as Sagradas Escrituras nos manda fazer com o ego é negá-lo, aceitando a morte de Cristo como se fosse a nossa própria. Isto foi suficiente para os apóstolos e a igreja primitiva. A auto-estima é a essência do orgulho; e o diabo, como o pai do orgulho, tem tido forte influência no evangelho da auto-estima. Esse falso evangelho promove a inchação do ego que entra em conflito com Filipensses 2:3 “por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.