O apóstolo Paulo ordenou de modo incansável que Timóteo ensinasse e pregasse, repreendesse e incentivasse, que se guardasse contra doutrinas falsas e que treinasse outros homens para que fizessem a mesma coisa (2 Tm 2:1-2, 4:1-2). Jesus veio para pregar (Lc 4:43), Paulo pregou (I Co 2:4), a igreja foi edificada sobre o fundamento da pregação apostólica (Ef 2:20) e Timóteo deveria pregar também. Infelizmente, estamos vivendo a época de muita tagarelice e desvios doutrinários. Líderes que ao invés de pregarem a sã doutrina misturam 10% de Bíblia com 90% de misticismo, vã filosofia e psicologia. Enfim, suas igrejas estão crescendo no tumulto da diversidade.
Os sermões de alguns líderes são manteigosos, ou seja, macios como a manteiga. A realidade do inferno, as exigências da obediência, a chamada ao arrependimento e a singularidade de Jesus Cristo não são abordados. Não fazem menção aos espinhos da fé, a santidade de Deus, o julgamento divino, a depravação do homem e a necessidade de um novo nascimento. Os manteigueiros “evangélicos” usam métodos reducionistas para “tornar-se crente”, ou seja, levantar a mão, ir à frente da plataforma da igreja, preencher uma ficha e repetir à semelhança de um papagaio a oração do pecador. Esses manteigueiros “evangélicos” são donos de megaigrejas e mostram-se excessivamente preocupados com os não crentes, porém não conseguem disfarçar a sua superficialidade voltada ao entretenimento nem seus interesses pelo “vil metal”. O assunto inferno para eles é considerado uma afronta para o ímpio. A ira divina é caracterizada como algo adequado a um sociopata. Os manteigueiros esquecem que Jesus não evitou falar sobre choro e ranger de dentes. O Messias adverte sobre o fogo eterno (Mat 25:41) e fala de um homem que morreu e foi para o Hades, onde estava sendo atormentado e sofrendo muito neste fogo (Lc 16: 23-24)
Os líderes amanteigados dizem: “A única coisa de que precisamos é Jesus e não de doutrina”. Essa afirmação é uma falácia, pois podemos falar de Jesus às pessoas todos os dias até que ele volte, mas, sem nenhum conteúdo doutrinário que preencha o que pensamos sobre Jesus, estaremos apenas pronunciando slogans, não proclamando um tipo de evangelho inteligível e salvador. Não há como não perceber a existência de um centro doutrinário na mensagem de Paulo. Paulo disse a Timóteo: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2 Tm 1: 14). A doutrina era o coração da mensagem salvadora pregada por Paulo. Vale salientar que o modo de vida dos primeiros cristãos não era baseado em um mero sentimento ou em um mero programa de trabalho, o modo de vida era alicerçado em uma mensagem doutrinária. Se Jesus morreu e ressuscitou por nossos pecados de acordo com as Escrituras, isso é doutrina. Portanto, não há evangelho sem ela.
Ir. Marcos Pinheiro