Um novo estilo de louvor tem invadido as igrejas evangélicas abalando os pilares dos conceitos bíblicos. Vivemos numa época de baixíssimo nível de conhecimento bíblico. A mediocridade é chocante e invadiu as igrejas na área do louvor. O louvor tem sido superficial e mundano. Superficial porque coloca o prazer do adorador em primeiro lugar, e não a satisfação do Senhor. Mundano porque tem trazido o erotismo para o seio da igreja. Não atentando aos avisos escriturísticos a respeito do amor ao mundo, a igreja tem tomado emprestado a música de entretenimento mundano atual, seus instrumentos, ações, ritmos e espetáculos. Durante tempo demasiado a igreja tem pensado que o poder para alcançar os perdidos está num louvor em sintonia com o estilo Hollywood: sensacional e sensual. O adeus aos louvores em espírito e em verdade é definitivo. As músicas só falam em focar a atenção em si mesmo, conseguir bênçãos, milagres, melhorar a situação financeira, coisas do tipo: “há poder em minhas palavras”, “tenho fé em mim mesmo”, “creio em mim mesmo”, “sinto orgulho do que realizei”, “eu consigo isso”, “eu consigo aquilo”. Na verdade a ênfase é a auto-suficiência do pensamento positivo. Louvor não é mais quebrantamento, é elevação da auto-estima.
O louvor moderno tornou-se um cavalo de tróia dentro da igreja, e vem trazendo além do exibicionismo, sensualidade para o seu meio. As letras de alguns corinhos são excessivamente eróticas, repleta de intimidade física como se o nosso Deus Altíssimo fosse um gigolô, um amado amante, um amante lúbrico da membresia: “Eu quero tocar nos cachos dos teus cabelos e beijar os teus pés”, “Meu lindo Jesus, meu amor”, “Jesus minha paixão, o teu perfume me envolve”, “Jesus tem paixão por aqueles que são dele”. Neste contexto, o som da batucada leva o rebanhão a estremecer, pular, gingar o corpo, fazer “sapateado de anjos” e entrar em delírio.
Na visão do “ministrão” de louvores eróticos o mundo precisa ver que a igreja é “legal”, atualizada e acompanha os tempos. Portanto, o que vale é o apelo aos sentidos físicos, nada de promover a santidade. O negócio é satisfazer a necessidade de balanço, de maneios, de se soltar. Louvor é catarse. É forró, funk, samba, axé, rock e companhia Ltda. Neste contexto, o “ministrão” sem nenhum pejo manipula o louvor mandando as pessoas gritar, saltitar, rodopiar e dizer para o irmão do lado: “o gigante vai ser derrotado”, “Deus vai trazer de volta o que é seu”. E, os chavões invertebrados do “ministrão” continuam: “manda chuva, Senhor”, “traz vitória para cá”, “dá propósito para lá”. Uma verdadeira lavagem cerebral.
O verdadeiro louvor é consciência do sagrado e quebrantamento, é uma entrega incondicional. Louvor não é passa-tempo e nem tampouco uma atitude irrefletida, mas sim, a expressão sacrificial de nosso ser a Deus. O louvor bíblico nos leva a descortinar o drama da cruz. Quando a sabedoria da cruz não é entendida o verdadeiro louvor se esvai. Louvor, disse o puritano Stephen Charnock, “é um ato do entendimento aplicando-se ao conhecimento da excelência de Deus”. Deus sempre deve ser para nós o Grande Deus, a quem nos chegamos com reverência e sacrifício de louvor. Se cantarmos uma música banal sem palavras que edificam, estamos insultando a Deus. O Senhor se agrada de hinos sacros e eruditos, cantados em espírito de perfeita adoração e não em espírito de erotismo que leva a igreja a proceder exatamente como ocorre nos shows das casas noturnas mundanas. Louvor que não recorda que somos pecadores e que precisamos nos santificar não é louvor.
Lamentavelmente, na área do louvor, a igreja moderna precipitou-se impetuosamente no declive do secularismo. Não sabe a diferença entre louvor e diversão. Não está disposta a ser desprezada pelo mundo por causa da cruz. A igreja moderna se envergonha do verdadeiro Evangelho. Perdeu a capacidade de salgar. Perdeu o respeito daqueles a quem deseja alcançar com a mensagem de Cristo. A luz se enfraqueceu.
A.W.Tozer disse: “Para que haja louvor verdadeiro, algumas coisas devem ser destruídas, pois possuem elementos que não podem permanecer numa vida agradável a Deus”. Portanto, se quisemos ver a glória de Deus em nossas igrejas devemos eliminar a erotização dos louvores.
Estou convencido de que nossas igrejas não precisam encher-se de mais gente, e, sim, de que as pessoas que nelas estão encham-se do conhecimento de Deus. Quando isso acontecer o erotismo não terá espaço nos louvores. De Gênesis a Apocalipse, a igreja é exortada a permanecer fiel, seguindo o Senhor, com um coração puro, jamais se desviando do caminho estreito!
Ir. Marcos Pinheiro