17 de outubro de 2014

TEMPO DE MANIPULAÇÃO

O jeito “Apple de ser” moldou a maneira com que as igrejas evangélicas hoje pretendem alcançar seus potenciais consumidores. Inspirados no mantra da Apple, muitos pastores procuram provocar desejos e criar necessidades e expectativas na membresia.

Uma maneira tortuosa, sinuosa, sub-reptícia, de manipular as pessoas e convencê-las é a de repetir uma e outra vez, as mesmas idéias, os mesmos conceitos e as mesmas imagens. Nesse contexto, os pastores manipuladores lançam chavões, fazem afirmações contundentes, propagam slogans na forma de sentenças carregadas de asneiras. Este bombardeio durante o culto modela a opinião dos fiéis, que acabam tomando os chavões, as afirmações contundentes e os slogans como sendo fantasticamente bíblico. “Olhe para seu irmão ao lado e diga-lhe: Você é filho do Rei”, “Plante fé e colha milagres”, “Hoje é noite de bênçãos” e por aí vai. Sinceramente, eu não agüento mais tanta tolice. O que os crentes precisam entender é que uma tolice repetida por muitas bocas não deixa de ser uma tolice. Mil mentiras não fazem uma só verdade.

Vivemos o tempo de manipulação nas igrejas evangélicas brasileira. Eu não disse tempo de renovação, mas de manipulação. Os pastores manipuladores são especialistas em criar um clima de superficialidade durante o culto para tornar possível a difusão de suas artes hipnóticas e seus truques de ilusionista. Um ilusionista faz truques surpreendentes que parecem verdade porque realiza movimentos muito rápidos e com fundo musical para que o público não perceba. Os pastores manipuladores procedem desse mesmo modo, a fim de que as multidões não percebam seus truques e malabarismo intelectual e aceitem como possíveis os mais inverossímeis conceitos anti-bíblicos.

Uma mentira repetida muitas vezes constrói uma "crença", de algo intocável. A propaganda manipuladora que esses falsos pastores fazem forma este tipo de "crença". Por asso, eles conseguem ter um controle da mente, da vontade e do sentimento da maioria de suas “ovelhas”. É lamentável ver as pessoas passando pelas “portas da prosperidade” e tomando “banho de óleo” para conseguir algo. É triste ver que a fé virou um amuleto que protege o crente do mal olhado e da sexta-feira 13. Deus virou um boneco que se curva diante das orações decretadas de seus filhos.

O medicamento pode ser manipulado sob diversas formas: em envelope, cápsulas, shakes, comprimidos, pastilhas efervescentes, e, dependendo do caso, podem ser feitos em gel, sabonetes ou loção. Se um medicamento industrializado só existe em cápsulas e o paciente tem dificuldade de engoli-lo, na farmácia de manipulação ele poderá ser feito em xarope. Enfim, os medicamentos manipulados são personalizados de acordo com a necessidade de cada paciente, ou seja, ele pode ser feito em forma de cápsulas, shakes, goma de colágeno, cremes, chocolates ou pós-aromatizados. Os pastores manipuladores procedem do mesmo modo que as farmácias de manipulação. Adaptam seus sermões ao gosto dos consumidores para satisfazer a concupiscência dos olhos, da carne e a soberba da vida.

Manipular equivale a manejar. De per si, somente os objetos são suscetíveis de manejo. Posso utilizar um tablet para minhas finalidades, guardá-lo, trocá-lo, descartá-lo. Estou no meu direito, porque se trata de um objeto. Manipular é tratar uma pessoa ou grupo de pessoas como se fossem objetos, a fim de manietá-los facilmente. Essa forma de tratamento significa um rebaixamento, uma vileza. Esta redução ilegítima das pessoas a objetos é o foco do sadismo. Os pastores manipuladores, além de réprobos, são sádicos. Perderam a mentalidade de profeta, a mentalidade de escravo de Cristo. Nutrem o “povo-objeto” com feno e palha dizendo que é gordura. Pervertem o “povo-objeto” com o outro evangelho só para entrar no jogo do “quem ganha mais almas”.

A tragédia daqueles que estão manietados pelo pastores manipuladores é que eles sucumbiram à síndrome de Acabe, o qual só desejava ouvir o que lhe agradasse o ouvido. Aqueles que estão subjugados pelos líderes manipuladores perderam a capacidade de pensar e de refletir porque são iludidos pela estética, pelo visual, pela ostentação, pelos mega-templos e por campanhas do tipo “Derrotando os Golias da vida”. Que os manipuladores saibam que o Deus que servimos não tem compromisso com a ostentação nem com campanhas enganosas. Peçamos discernimento ao Senhor para não cairmos na malha maligna dos pastores manipuladores.

Tenho dito,

Ir. Marcos Pinheiro