Pregações infantilizadas, ocas, moribundas, inócuas, sem sal é o que prevalece na maior parte das igrejas evangélicas brasileiras. Quando se fala em pastoreio não vem mais a mente as responsabilidades sacerdotais. Pastoreado deixou de ser sacerdócio, deixou de ser viver na presença de Deus. Pastor passou a ser administrador de negócio secular, passou a ser gerente. Pastoreado virou uma carreira religiosa. Muitos pastores não são modelados pelo molde pastoral do Novo Testamento, mas pelo figurino de um gerente de empresa. O cunho vocacional foi perdido. Hoje, o pastoreio é uma oportunidade para ter sucesso e ficar rico. Daí a pobreza nos púlpitos e a subnutrição das ovelhas.
É grande o número de pastores que se apascentam a si mesmos. Pastores que banalizam o sagrado e secularizam a Bíblia. Conseqüência: o púlpito tornou-se um centro terapêutico cujos temas abordados são: como reduzir seu estresse, como ter sucesso financeiro, como obter realização profissional, como manter bons relacionamentos interpessoais, como influenciar pessoas. A teologia da cruz foi esquecida. Quando Deus chama um homem para ser pastor o chama não para ser estrela, não para ser monarca, mas para ser servo humilde e servir com devoção e sem profissionalismo. Por isso, pastorear é um ministério e não um empreendimento administrativo. Quando o ministério vira empreendimento a igreja vira empresa e o pastor vira lobo-balaamita.
Há muitos lobos-balaamitas em templos 5 estrelas fazendo promessas que o Senhor nunca prometeu. Passam o tempo todo “decretando vitórias” dizendo “palavras proféticas” e “amarrando Satanás”. Gastam tempo falando sobre “7 passos para ter prosperidade” e nada sabem sobre o texto que diz que Jesus não tinha onde reclinar a cabeça. Gastam tempo falando sobre “7 passos para uma adoração verdadeira” e nada sabem sobre o texto que diz “obedecer é melhor que sacrificar”. Nesse contexto, curam superficialmente as feridas do povo com palavreado florido e humorístico, ou seja, conquistam o ouvido e engana o coração do povo com campanhas de 7 dias tipo “Transformando o impossível”.
Os lobos-balaamitas são profetas pelo ganho, amam a recompensa. Pregam para angariar fama e se comprazem em contestar a singeleza do Evangelho. Eles sobem ao monte e de lá relampejam ficções e fantasias “expulsando” demônios da inveja, do ciúme, da lascívia, da bebedice quando na realidade inveja, ciúme, lascívia e bebedice, de acordo com Gálatas 5, são obras da carne e não demônios.
Os pregadores-balaamitas promovem a judaização da igreja através do que eles denominam “atos proféticos”. Segundo os balaamitas, a partir de palavras decretadas e imposição de mãos podemos comandar o mundo espiritual. Assim, os balaamitas ordenam que cidades sejam salvas, que regiões sejam libertadas do império de Satanás, e que um domínio espiritual de Deus se estabeleça. Ora, esquecem-se esses falsários que na Nova Aliança existe o dom de profecia, que segundo o apóstolo Paulo, o que profetiza fala aos homens edificando-os, exortando-os e consolando-os (I Co 14:3). O Senhor Jesus ensinou que uma cidade deve ser ganha através da evangelização (Mc 16:15) e não com “palavras proféticas”, “decretos proféticos”. Jesus enviou os seus discípulos para entrarem nas casas (Lc 1:11) e não para fazerem marchas nas ruas das cidades ou concentrações em praças ou em ginásios dizendo “declarações proféticas”. Vale salientar que essas manifestações são inócuas e assemelham-se às religiões orientais que através de palavras tentam governar forças espirituais.
Chegará o dia em que os lobos-balaamitas, por esfoliar suas ovelhas, darão contas a Deus de sua “lobice” e as ovelhas, por falta-lhes discernimento, darão contas de sua “bobice”. Minha oração é que o Senhor guarde a sua igreja da influência balaamita que enxameia o mundo.
Ir. Marcos Pinheiro