2 de dezembro de 2016

CARTA ABERTA AO PASTOR CABO-ELEITORAL


Pastor cabo-eleitoral sua visão com respeito à missão da igreja está turva. Você pensa que a missão da igreja é dar dimensão moral à vida política. Quando estudamos a vida dos crentes no livro de Atos, constamos que eram pessoas diferentes, porque todo o seu manancial de vida tinha sido renovado pelo poder do Evangelho. Vemos vínculo de amor, imenso poder espiritual, influência espiritual e ousadia. Nada disso foi alcançado mediante o engajamento na política da época. Não há nenhum registro bíblico de que o crente deva se engajar na política para influenciar o governo a mudar seus métodos, estratégias e projetos. O propósito divino é que, mediante vida piedosa a igreja faça emudecer as estratégias e projetos diabólicos.

Quero lembrar-lhe que o Novo Testamento declara que o crente é cidadão do céu, cuja esperança e chamada não dizem respeito a este mundo. O crente está aqui apenas provisoriamente rumo a sua pátria celestial. É peregrino e forasteiro. É um viajor e um residente temporário neste mundo. É embaixador de Cristo. O interesse primordial do crente sempre deve ser o Reino de Deus, e depois, por causa disso, a salvação das almas. E, talvez até tenha de sofrer como Paulo, que se disse “embaixador em cadeias”. Na verdade, pastor-cabo eleitoral, o crente deve dedicar a sua vida a coisas que dizem respeito ao seu Senhor e deixar o mundo ocupar-se das que dizem respeito ao seu mestre – Satanás.

A função primordial de um pastor não é levar suas ovelhas a se entusiasmar com a cristianização da política, mas exorta-las à santificação sem a qual ninguém verá ao Senhor. É patético, para não dizer burlesco, você levar o seu rebanhão a pensar que sua ideia de politicagem no culto é inovadora. Se você não sabe, o culto a Deus tem que ser biblicamente relevante. O culto biblicamente relevante é teocêntrico, tem a glorificação de Cristo como alvo e a Bíblia como tudo. Púlpito é local para se pregar o Evangelho e não para fazer propaganda de candidato. Você tem praticado voto de cabresto no púlpito através do abuso de “autoridade espiritual”. Lamentável! Muito lamentável!

Talvez você pense que se faz necessário a igreja ter representante político para que as leis diabólicas não sejam aprovadas. Com isso, nossos filhos não sejam influenciados pelos professores de seu colégio. Ora, se dermos uma base doutrinária evangélica sólida a nossos filhos eles serão luz e sal em qualquer ambiente degradante. Influenciarão e não serão influenciados. Agora, se receber uma doutrina de meia-boca serão espiritualmente destruídos.

Quero lembrar-lhe que o grande avivamento no País de Gales, em 1904, começou não com os crentes se engajando na política da época, mas com uma reunião de oração liderada por Evans Robert. Como resultado, caravanas de todas as partes do mundo ali chegavam para ver as coisas extraordinárias que Deus estava fazendo. Os grandes estádios de futebol ficaram vazios. Os teatros tiveram de cancelar suas apresentações. Os bares fecharam suas portas. Os prostíbulos deixaram de existir. Os juízes presenteavam-se uns aos outros com luvas brancas, porque não havia crimes para serem julgados. Deus agiu sem os crentes engajarem-se na política.

Um fato extraordinário da história da igreja ocorreu no século XVIII entre os irmãos morávios. Nicolau Zinzendorf, envergonhado com a esterilidade da igreja, quebrantou-se, jejuou e orou por si e pela igreja, até que o avivamento veio em dezembro de 1727, dando um novo rumo ao seu País sem nenhum representante evangélico no parlamento.

A igreja deve avançar na força do Senhor e arrancar as vidas cativas do império das trevas para o Reino da luz sem que seja necessário ter representantes na política desse mundo.

É o que tenho a dizer.

Ir. Marcos Pinheiro