28 de agosto de 2015

IGREJAS DA PATIFARIA INOVADORA

“Necessitamos fazer da igreja um lugar agradável para se visitar”; “precisamos repintar constantemente a teologia para acompanhar o ritmo de uma cultura em constante mutação”; “precisamos de um novo tipo de cristão e de um pastor bacana”; “enquanto houver vida, a doutrina deve mudar de uma época para outra”; “Jesus veio ao mundo para nos ajudar a perceber o grande potencial que existe dentro de nós”. Frases como essas causam nojo, pois ensinam um Deus sem ira, um Reino sem julgamento e um Evangelho sem cruz. Essas frases atingem as pessoas bem no alto da cabeça com um martelo de veludo, de modo que elas ficam sem saber o quanto estão sendo enganadas. Na realidade, tais frases ganham o prêmio Oscar da patifaria.
O movimento que invadiu as igrejas evangélicas brasileiras tem a seguinte bandeira: “Ou inovamos ou morreremos”. Este clamor para inovar teologicamente a igreja é bem intencionado, mas equivocado. Tem procedência infernal. A obra de Deus deve ser feita no caminho de Deus. A excelência da igreja não consiste na multidão, mas na pureza. Lamentavelmente, muitos líderes foram afetados à semelhança dos cristãos de Atenas que gastavam seu tempo em nada mais, senão de dizer, ou ouvir alguma coisa nova. Quando estudamos as Escrituras constatamos que o Senhor Jesus e seus apóstolos não dobraram seus princípios para os ventos da mudança. A grande comissão não prevê palestras sobre, o uso da música, drama, teatro, aquecimento global, fontes de energia renováveis e afins. Jesus nos diz para ensinar e pregar a verdade salvífica de Cristo (Mc 16:15). Somos chamados para proclamar a singularidade de Jesus, a realidade do inferno e as exigências da obediência. Portanto, inovar não é preciso.
Nos dias de Eli, os israelitas teve a estratégia inovadora de levar a Arca da Aliança com eles para a batalha contra os filisteus. Eles ignoraram o fato de que a causa de suas derrotas recentes estava em outro naipe. A única cura para Israel era o arrependimento e o retorno para Deus. Eles deveriam ter execrado seus caminhos pecaminosos para terem a bênção do Senhor. Do mesmo modo, a solução para a igreja atual é o arrependimento. A igreja atual será sábia se escolher as velhas formas prescritas nas Escrituras e trilhar pelos nossos antepassados piedosos: “Assim diz o Senhor”. Não temos que inovar nada.
O lema da igreja da patifaria inovadora é: “Você é livre em Cristo, abandone as regras, siga a corrente, a graça de Deus é ampla e inclusiva”. Ou seja, os padrões absolutos são desconsiderados e o estilo de vida carnal é glamourizados. A pregação é castrada de conteúdo bíblico denso. A cerca entre a verdade e a falsidade não existe. A igreja da patifaria inovadora prega a Bíblia e algo mais. As escolas dominicais e seus congressos não passam de “estúdio de desenvolvimento humano” onde se conversa sobre fé e vida cristã em escala internacional. Exploram o papel que o crente pode desempenhar na construção da paz e na reconciliação, na saúde global do planeta referente ao cuidado ambiental. Tudo se baseia na ideia de que podemos trazer o céu à terra. Precisamos lutar contra a opressão, o racismo e dar fim à pobreza. Os crentes são encaixados no modelo de Martin Luther King, Leonardo Boff, Nelson Mandela, Dom Helder Câmara, Madre Tereza de Calcutá e Desmond Tutu.
A igreja da patifaria inovadora tem reduzido a vida cristã a gestos, ovações, declarações grandiloquentes, frases de efeito. Tem deixado de ser firmeza na caminhada e coluna da verdade. Ela propõe uma formação “espiritual” por imersão em história sendo a Bíblia um contador de histórias em vez de ser algo cheio de exigências e regras santas a ingerir. É verdade que o cristianismo não se caracteriza por listas do que se deve fazer ou não. Ele gira em torno de relacionamentos, mas relacionamentos são guardados e preservados por regras.
Os líderes das igrejas da patifaria inovadora sempre dizem: “O importante é que todos nós amemos a Jesus”. Nesse contexto, perderam o olhar aguçado para a doutrina. Tornaram-se ativistas sociais apaixonados que, em seu desejo de amar alguém, acabam por não rejeitar nada. Toleram tudo. Jesus advertiu a igreja de Tiatira: “Vocês são amorosos, o que é bom, mas sua tolerância não é amor, é infidelidade”. Os pastores dessas igrejas vêm Jesus como o poeta sonhador que coloca as pessoas em seu Reino de paz independente como elas vivem. Eles chamam as pessoas a viverem a vida de Jesus e ao mesmo tempo minimizam a doutrina da punição eterna. Esquecem que precisamos da ira de Deus para manter-nos honestos em relação ao evangelismo. Crer no julgamento de Deus nos ajuda a ser mais semelhantes a Jesus. 
O que mais surpreende é que nas igrejas da patifaria inovadora os cultos são superlotados. O espaço físico tem a aparência de um night club, ou seja, como um bar de comediantes. Os sermões são aguados. O Evangelho é para levantar o ânimo, não para moldar a vida. O culto é um programa de auditório. Aplausos para aqui, aplausos para acolá. Entre um louvor e outro vêm os avisos enfadonhos e as brincadeirinhas do pastor bacana. Os corinhos são de música pobre e de teologia manca. Tudo é feito no ritmo de rock, samba e axé. A imaginação é fértil, mas desengonçada. O esquisito é que as pessoas ao louvarem fazem cara de quem sente dor no rim, apertam os olhos, com ar sofrido, e se requebram. Quanta ingenuidade, quanta patifaria! 
A igreja do Senhor Jesus é a companhia dos salvos engajados com Cristo, não um grupo em busca de patifaria e entretenimento.

Ir. Marcos Pinheiro