Muitos louvores hoje não podem ser chamados de cristãos, mas de louvores babelizados, pois o interesse maior não é expressar a grandeza e a glória de Deus. “Façamos para nós um nome” foi a pretensão orgulhosa dos líderes da geração dos filhos de Noé. Eles queriam fixar e exaltar sobre a terra não o nome do Senhor, mas o seu próprio nome. Eles queriam que as gerações futuras se lembrassem deles. Sua preocupação não foi providenciar para que elas conhecessem os feitos de Deus, sua lei, seus desígnios. Queriam manter-se unidos, não em torno do temor a Deus, mas em torno do orgulho do grupo, consubstanciado em seus próprios feitos. Esse é o sentimento que permeia a área do louvor: engrandecimento do homem, não de Deus. Ora, a adoração verdadeira sempre tem a Deus como centro, o que condiciona seus adoradores a um genuíno temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado.
Infelizmente, o louvor em muitas igrejas transformou-se em um Milk-shake religioso sem nenhuma ligação com o Senhor. O uso da música como meio para se chegar a um estado de êxtase e transe religioso tornou-se regra geral na maioria das igrejas evangélicas. O louvor em nada difere da prática do louvor umbandista, pois a música tem por função ambientar a erupção de sentimentos. Os sentimentos são manipulados pelo ritmo, repetições e movimentos corporais. O programa elaborado pelo “ministro de louvor” tem como objetivo provocar o sensacional, o extravagante, o bizarro entre os fiéis. Nesse contexto, a verdade é trocada pela “purificação” da alma através de uma descarga emocional provocada pelo drama e a santidade é invertida pela euforia irreverente.
Satanás conseguiu desenvolver uma liturgia que tem ofuscado a mente de muitos crentes levando-os ao louvor catarse, irrefletido e sensacional. A extravagância litúrgica promovida por Satanás tem rompido a barreira entre o sagrado e profano. A fim de se manterem no sucesso, algumas igrejas utilizam rock, samba, rap, axé, funk, forró. Muitas igrejas chegam ao ápice do ridículo promovendo shows com o tema “sambando para Jesus”, “forrozando para Jesus”. Tais “louvores” são irracionais e abomináveis ao Senhor, pois não ilumina a mente com a verdade bíblica nem com a consciência da santidade de Deus. O louvor aceitável para Deus é o louvor da mente (Rom 12:1). Deus nos criou com uma distinção primordial: a racionalidade. Portanto, o louvor deve ser consciente e racional. O apóstolo Paulo ecoa isto ao insistir que os crentes cantem com entendimento (I Co 14:15). Em I Coríntios 14: 26 Paulo afirma a função primordial do louvor “Tudo seja feito para edificação”. A palavra “edificação” refere-se, literalmente, à construção de um edifício, mas o apóstolo sempre usa este termo para expressar a edificação do entendimento. Portanto, cada elemento do louvor deve ser compreendido, para que seja válido. Somos movidos espiritualmente, não por meio de espetáculos sensacionais, e sim pelo que entendemos.
A grande declaração da Confissão de Westminster se opõe a tudo que acontece hoje nas igrejas evangélicas: “A maneira de adorar o verdadeiro Deus é instituída por Ele mesmo e limitado por sua própria vontade revelada, de tal modo que Ele não seja adorado de acordo com a imaginação e invenções dos homens”. O louvor do Novo Testamento era acima de tudo centrado em um fato: a cruz de Jesus e sua ressurreição. Hoje, o louvor é centrado no adorador e em alguns momentos não dá para saber se estamos na casa do Senhor ou em um terreiro de candomblé.
A liturgia extravagante de Satanás é contrária ao ensino da Bíblia e da Reforma, pois é claramente extasiante e amplamente mística, em vez de racional e dependente da fé. É voltada para o ego, para o estrelismo, para a exaltação do ritmo e dos instrumentos. Como há muitas pessoas que gostam de ser manipuladas, a liturgia de Satanás tem encontrado bastante espaço no meio evangélico. Seria prudente beber, ainda que um pequeno gole, desta liturgia? Claro que não! Urge que tenhamos um avivamento de luta contra as influências más da geração “Janes e Jambres” que promovem o louvor baderneiro. Que sejamos no dizer de Stott “um homem intoxicado de Cristo”.
O dia do Senhor se aproxima. Será dia de Juízo. Ainda há oportunidade de abandonar o falso louvor da “Galera de Cristo” que insiste em incluir o lixo extravagante de Satanás dentro das igrejas tirando o Filho de Deus de cena.
Ir. Marcos Pinheiro